quarta-feira, 4 de maio de 2011

A Partida.

Qual é a primeira imagem que surge em sua mente quando você pensa em um filme japonês? Se você pensou em artes marciais, samurais, ou algo do estilo Jaspion, Ninja Jiraya, Changerman, Cybercops ou Godzila, seus pensamentos com relação às produções japonesas estão equivocados. Confesso que uma parte da infância assistindo a extinta TV Manchete,também me levou há um conceito preestabelecido e equivocado até pouco tempo.





Mas, felizmente não foram apenas as metrópoles e a tecnologia japonesa que evoluíram. O cinema também teve seu aprimoramento. Um bom exemplo para explicar o fato, é o filme “A Partida” (Okuribito). Premiado no ano de 2009 em vários grandes prêmios pelo mundo em diversas categorias, inclusive com um Oscar na categoria de melhor filme estrangeiro.


A história do filme se passa a partir do sonho do personagem Daigo Kobayashi (Masahiro Motoki), um músico que pretende viver da música tocando violoncelo, mas, que se vê obrigado a abdicar do seu sonho devido ao fim da orquestra em que trabalha em Tóquio, o que lhe pegou de surpresa e agravou a sua situação financeira. O ator ganhou grande parte dos prêmios que concorreu na Ásia devido a sua interpretação, porém, seu estilo difere do que costumamos ver no cinema nacional e hollywoodiano. Não pela originalidade do rapaz, mas, por questões culturais as quais não estamos habituados.

Com os problemas financeiros agravados, Daigo não têm alternativas a não ser voltar para sua cidade natal onde possui um velho bar inativo herdado de sua mãe. Ele conta com a ajuda da esposa Mika, interpretada pela atriz e cantora Ryoko Yoshiyuki. Quase que uma Mag Ryan oriental, ou melhor dizendo, “a queridinha do Japão”.


Em uma tentativa desesperada de encontrar um emprego, o violoncelista frustrado encontra um emprego repudiado por ele próprio, pela esposa e pelos amigos, mas, que rendia dinheiro suficiente. Uma espécie de agente funeral que prepara o corpo dos mortos limpando, maquiando e vestindo-os, ou em um sentido poético dando aos rostos pálidos, um pouco da cor que a vida lhes oferecia para que eles fiquem bonitos para a sua partida. Além disso, Daigo precisa lidar com as lembranças que o velho bar, onde antes fora sua casa, traz de sua infância e, sobretudo de seu pai que abandonara a família, motivo pelo qual carrega um grande rancor.


Falar algo mais sobre o filme seria tirar as surpresas que está obra prima oriental oferece a cada cena. Outro ponto interessante do filme é poder observar a cultura japonesa e como ela difere da brasileira, como os corpos não se aproximam e não se tocam, o quando o fazem é timidamente. Como eles encaram a morte e como são seus rituais fúnebres. Como o diretor Yojiro Takita retrata a diferente maneira como cada pessoa tem de enfrentar a morte, com sofrimento, desespero, e até mesmo de maneira descontraída. Como ele consegue extrair beleza de um tema tão complexo que é a morte. E como alguns têm preconceito de outras religiões, como o cristianismo, passagem que fica explicita em um momento em que o personagem toca a música “Ave Maria”, mas que deixarei pra vocês tirarem suas próprias conclusões.


A Partida é do tipo de filme que você não pode deixar de assistir, se emocionar e se surpreender do inicio ao fim.

 

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